A França deve 'investir em três revoluções: digital, robótica e genética', destacou o chefe de Estado.
O presidente francês Emmanuel Macron anunciou nesta terça-feira (12) um investimento de 30 bilhões de euros (quase 35 bilhões de dólares) para reindustrializar a França por meio da transição ecológica e digital.
"A estratégia para 2030 deve nos levar a investir 30 bilhões de euros para responder" ao que pode ser considerado "uma espécie de déficit de crescimento da França", disse Macron, apresentando seu plano 'France 2030' a seis meses das eleições presidenciais.
Ao explicar o plano, que acompanha as prioridades da União Europeia (UE) para virar a página da crise econômica causada pela pandemia de coronavírus, o presidente lamentou que a França "por vezes" tenha tomado decisões "15 ou 20 anos depois dos vizinhos europeus".
"Devemos aumentar a capacidade da economia francesa de crescer através da inovação", especialmente para "financiar o nosso modelo social", acrescentou Macron, em discurso a empresários e estudantes no Palácio do Eliseu com ares de pré-campanha eleitoral.
Uma das principais medidas será o investimento de 1 bilhão de euros em pequenos reatores nucleares, uma energia amplamente utilizada na França que não gera gases de efeito estufa, mas cuja utilização no combate às mudanças climáticas divide países e especialistas.
Os países da UE se comprometeram a atingir a neutralidade de carbono até 2050 e, nesse sentido, o chefe de Estado francês quer que a França se torne um "líder do hidrogênio verde" em 2030, o que permitirá "descarbonizar a indústria".
Outros 4 bilhões irão para o transporte, especificamente para desenvolver uma aeronave de baixo carbono e para produzir cerca de 2 milhões de veículos elétricos e híbridos até 2030, um desafio ao alcance se os grandes fabricantes franceses cooperarem, segundo Macron.
A agricultura também é contemplada neste plano de inovação e descarbonização, com 2 bilhões de euros em investimentos, principalmente no setor da robótica.
"Vamos fazer várias apostas tecnológicas" com base numa "lógica da inovação científica" e na "organização do mercado", acrescentou o presidente liberal, explicando a "revolução cultural" que propõe em termos de pesquisa na França para 2030.
A França deve "investir em três revoluções: digital, robótica e genética", destacou o chefe de Estado.
Desde que assumiu o poder em 2017, Emmanuel Macron sempre defendeu uma maior autonomia europeia em nível industrial, contra rivais como a China, chegando a defender medidas para proteger o conhecimento existente e impulsionar a inovação.
A situação internacional após o surgimento da covid-19 reforçou esse princípio. A indústria farmacêutica europeia precisou encarar sua dependência de insumos ativos produzidos na Ásia e o setor automotivo foi atingido pela escassez de semicondutores.
O plano 'France 2030' prevê assim "quase 6 bilhões de euros" para "duplicar" a produção de compostos eletrônicos e "garantir" o fornecimento de semicondutores, disse o presidente, para quem a França "perdeu uma parte importante da sua autonomia" no setor da robótica e digital.
A crise sanitária "sinalizou nossa vulnerabilidade" e "nossa dependência", reconheceu o chefe de Estado, evocando também a falta inicial de máscaras e o fracasso da França em desenvolver uma vacina contra a Covid-19.
"Devemos reconstruir os termos da independência produtiva francesa e europeia", exortou Macron, cujo país assumirá a presidência pro tempore da UE em janeiro.