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Governo da Itália obriga todos os trabalhadores a se vacinarem
Mundo
Publicado em 16/10/2021

O objetivo da medida é estimular a campanha de vacinação no país. Três milhões de italianos ainda não estão imunizados contra a Covid-19 e podem ter o acesso ao local de trabalho recusado

A obrigatoriedade do passaporte sanitário para todos os trabalhadores dos setores público e privado entra em vigor na Itália a partir desta sexta-feira (15). O objetivo da medida é estimular a campanha de vacinação no país. Três milhões de italianos ainda não estão imunizados contra a Covid-19 e podem ter o acesso ao local de trabalho recusado. 

A partir de hoje, para entrar no local de trabalho na Itália, as pessoas que optaram por não se vacinar deverão contar com um comprovante de recuperação pós-Covid-19 ou um teste negativo feito nas últimas 48 horas pago do próprio bolso. Caso contrário, o funcionário será considerado como ausente e terá um desconto no salário.

Os empregadores que evitarem o controle de seus funcionários também estão sujeitos a multas e não podem propor a atividade à distância. A decisão, que visa convencer os mais reticentes à imunização, está no foco de novas manifestações, previstas para esta sexta-feira e sábado (16). 

A Itália foi o primeiro país europeu afetado pela pandemia de coronavírus, em fevereiro de 2020, e registrou, até agora, mais de 130.000 mortes. A campanha de vacinação começou em dezembro do ano passado. Mais de 80% das pessoas com mais de 12 anos estão totalmente vacinadas. A imunização já era obrigatória para os profissionais da saúde e o chamado "passaporte Covid" também está exigido dos professores.

 

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No entanto, para o governo liderado por Mario Draghi, essas medidas não eram suficientes para garantir um nível de imunidade alto e evitar novos surtos que podem afetar a atividade econômica do país. Foi o que aconteceu em 2020 e no início de 2021.

Por isso, para incentivar a vacinação generalizada, o governo anunciou há um mês, com o apoio dos partidos da coalizão, a obrigação do passaporte sanitário para o acesso ao local de trabalho. O dispositivo foi introduzido em agosto e já é exigido em trens, museus e restaurantes, entre outros.

A medida gerou protestos violentos no último sábado (9), em Roma, onde milhares de pessoas, incluindo ativistas de extrema direita, devastaram a sede do maior sindicato do país, o CGIL, e invadiram a emergência de um hospital da capital. Alguns trabalhadores ameaçaram entrar em greve e até bloquear portos, se a medida não for revogada.

Isso pode representar um desafio, a partir de 15 de outubro, para a recuperação econômica do país após o duro ano de 2020, quando o Produto Interno Bruto (PIB) da península despencou 8,9%. Em contrapartida, a campanha de vacinação permitiu manter o controle das infecções em um nível baixo e gerar uma alta da taxa de crescimento de 5,8% para este ano, de acordo com previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Luca Zaia, presidente da rica região do Vêneto, ao norte, advertiu sobre o "caos" que a implementação da medida pode causar nas empresas italianas a partir desta sexta-feira. "Não podemos garantir a todos que não se vacinaram que façam um teste a cada 48 horas. Os empregadores com os quais eu falo estão muito preocupados", frisou.

O Forza Italia, o partido de centro-direita de Silvio Berlusconi, e o Partido Democrático, de centro-esquerda, são a favor da obrigatoriedade da vacina. A medida vem sendo rejeitada pelo governo por enquanto, sobretudo devido à oposição da Liga, de Matteo Salvini, partido de extrema direita. Membro da coalizão nacional, ele ameaça romper com seus aliados.

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