Desde meados de 1950 que Rene Neira, de 88 anos, tentava licenciar-se. Após décadas tendo a família e o trabalho como prioridade, o que atrasou o seu percurso no ensino superior, Neira concluiu o curso de Economia, ao lado da neta Melanie Salazar, de 23 anos.

Depois de se apaixonar e de começar uma família, nos anos 50, o avô de Melanie voltou à universidade em part-time nos anos 80, 90, 2000 e, coincidentemente, quando a neta começou o seu percurso no ensino superior, em 2016. Com 82 anos, Rene e Melanie inscreveram-se na Palo Alto College, no Texas, seguindo, depois, para a Universidade do Texas, em San Antonio.

“Nunca tivemos aulas juntos, mas às vezes encontrávamo-nos para almoçar na cantina, ou estudávamos lado a lado na biblioteca”, disse Melanie, que se licenciou em Comunicação, à CBS News.

Segundo a neta, o avô inspirava e motivava os colegas, tendo sempre alguma coisa a dizer, especialmente se não concordasse com os professores.

“Ele teve de trabalhar muito, especialmente agora, com a perda de audição, a falta de transporte, [e] houve um semestre em que esteve em licença médica, por ter tido um AVC. Depois começou a pandemia”, esclarece Melanie, acrescentando que o avô teve “muitas barreiras que o impediram de regressar [aos estudos].”

Ainda que Neira não tenha conseguido os créditos necessários para se licenciar, a sua família pediu à universidade que honrasse o seu trabalho de alguma forma. Uma semana antes da graduação, Neira soube que a universidade lhe tinha atribuído uma licenciatura com distinção em Economia, pelo que pôde estar lado a lado com a neta na cerimónia.

“É lindo ver o fim de um capítulo”, considera Melanie. “Antes da sua morte, ele conseguiu [licenciar-se], algo para o qual trabalhava desde os anos 50”, acrescenta.