Em comunicado, o Alto Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa e de Segurança aplaude "a coragem dos cidadãos russos que ousam opor-se publicamente à guerra que [o Presidente russo, Vladimir] Putin está a travar na Ucrânia, apesar da censura e da repressão", bem como "os meios de comunicação russos independentes e as organizações não-governamentais (ONG) russas que defendem os valores da democracia, do Estado de direito e da liberdade, e que se esforçam por informar o povo russo sobre a situação no terreno na Ucrânia". No entanto, adverte Borrell, as vozes que se erguem na Rússia contra a guerra "não provocada e injustificada" na Ucrânia, assim como os órgãos de comunicação social que não estão sob o domínio do Kremlin e procuram dar informações fidedignas sobre a invasão, estão a ser "silenciadas", numa espiral de censura que ameaça agravar-se ainda mais.
"Ontem [quarta-feira], mais dois dos mais proeminentes meios de comunicação social da Rússia, a [estação de rádio] Echo de Moscovo e a TV Rain, foram proibidos, bem como os sítios de Internet de várias outras organizações de comunicação social independentes. Hoje mesmo, a Echo foi dissolvida", denuncia.
Segundo Josep Borrell, "estes meios de comunicação estão a ser silenciados por proporcionarem uma plataforma a fontes e vozes que desafiam a imagem falsificada da situação no terreno na Ucrânia, tal como retratada pelo Governo russo e pela rede de desinformação sob o seu controlo, incluindo os canais de televisão russos controlados pelo Estado".
Além disso, prossegue o chefe da diplomacia da UE no comunicado, "de acordo com relatórios fidedignos, mais de 7.600 manifestantes anti-guerra em mais de 120 cidades foram detidos desde o início da invasão militar russa da Ucrânia".
"O facto de estar atualmente a ser elaborada uma lei pela Duma [câmara baixa do parlamento russo], que permitirá a condenação daqueles que exprimem opiniões que se desviam da linha oficial do Governo com até 15 anos de prisão, é profundamente preocupante", sublinha ainda Borrell, que termina a prestar tributo a todos aqueles que "ousam" publicamente discordar de Putin.
A Rússia lançou há uma semana uma ofensiva militar na Ucrânia com três frentes e recorrendo a forças terrestres e a bombardeamentos em várias cidades.
As autoridades de Kyiv contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças. A ONU já deu conta de mais de um milhão de refugiados.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.