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Preso sofre em SP por ter o mesmo sobrenome de Marcola, o número 1 do PCC
Brasil
Publicado em 01/04/2023

Preso há 25 anos ininterruptos, Gilmar Pereira Camacho, 49, vem sofrendo na prisão por ter o mesmo sobrenome do líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), Marco Willians Herbas Camacho, 55, o Marcola. Segundo os advogados Ricardo Jorge e Wagner da Cunha Costa, defensores de Gilmar, o cliente "é taxado pelas autoridades carcerárias como integrante de facção criminosa simplesmente pelo sobrenome Camacho, o que vem lhe causando terríveis prejuízos desde 2015".

Em 11 de dezembro de 2015, Gilmar foi transferido da Penitenciária 1 de Mirandópolis para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, um dos maiores redutos de prisioneiros ligados ao PCC em todo o sistema prisional paulista.

Os advogados sustentam que a partir dessa remoção, Gilmar vem sendo apontado como membro do PCC e que essa informação consta no boletim informativo dele, mesmo sem ter contra o preso qualquer tipo de sindicância para apurar seu envolvimento com facção criminosa.

De acordo com os defensores, os últimos pedidos de progressão de regime ou livramento condicional em favor do cliente têm parecer desfavorável, apesar de Gilmar, segundo seus advogados, ter bom comportamento e preencher todos os quesitos necessários para a obtenção do beneficio.

Já os exames criminológicos aos quais Gilmar foi submetido "apresentam resultados inconclusivos". Para os advogados, "a P2 de Venceslau não tem condições de auferir qualquer tipo de evolução psicossocial, já que não oferece atividade laborterápica ao preso".

Sem vínculo familiar

Ricardo Jorge e Wagner da Cunha Costa afirmam ainda que os familiares de Gilmar também passam por constrangimento na unidade prisional "por conta do sobrenome Camacho. Os defensores ressaltam que o preso não tem qualquer vínculo familiar com o líder do PCC

 

Portador de hepatite C, Gilmar precisa ser submetido a exames médicos externos e necessita de remédios de alto custo. Os defensores pediram à Justiça a transferência dele para prisão convencional, se possível na região de Campinas, cidade com bastante recursos para o tratamento da doença.

A Justiça determinou à direção da P2 de Venceslau para que preste o atendimento médico adequado e necessário ao prisioneiro, inclusive em ambiente externo e que informe ao juízo no prazo de 15 dias todas as medidas adotadas.

Em oficio enviado à Justiça em 3 de novembro do ano passado, a Diretoria de Saúde da P2 de Venceslau confirmou que o presidiário é portador de hepatite crônica e vem sendo acompanhado por infectologista desde que foi incluído na unidade prisional.

No mesmo documento, a Diretoria de Saúde da P2 de Presidente Venceslau também informou à Justiça que Gilmar faz exames periodicamente, com resultados dentro dos padrões normais.

 

Gilmar Camacho está preso ininterruptamente desde 6 de janeiro de 1998. Foi condenado a 29 anos, cinco meses e 20 dias pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte). Segundo a SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária), ele já cumpriu 76,8% da pena.

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