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Número 2 da Abin deve ser exonerado, mas entorno de Lula diverge sobre outras trocas
Brasil
Publicado em 28/01/2024

A exoneração do diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alessandro Moretti, é dada como certa, após a operação da Polícia Federal (PF) na quinta-feira (25).

Ministros do governo Lula (PT) avaliam que a situação de Moretti ficou insustentável e que sua demissão é questão de tempo. No entorno do presidente, há divergências sobre qual deve ser a extensão das mudanças no comando da Abin.

Interlocutores de Lula na PF e no Ministério da Justiça, além de ministros com os quais o presidente despacha diariamente, são favoráveis à saída de Moretti e afirmam que a situação do diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, também ficou muito delicada. Estes aliados são favoráveis a mudanças mais profundas na estrutura da Abin. Há quem defenda uma reformulação geral em sistemas de inteligência do governo para que se tenha melhor coordenação das informações.

 

Na Casa Civil, entretanto, o discurso é outro. O ministro Rui Costa entende que é preciso cautela antes de tomar uma decisão, ou seja, esperar “baixar a temperatura” e compreender melhor a investigação da PF. A Abin é subordinada à Casa Civil desde março de 2023, quando foi retirada do guarda-chuva do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Segundo interlocutores do governo e do PT, Rui Costa e Luiz Fernando Corrêa se aproximaram bastante de março de 2023 para cá.

 

Pressão para trocas

 

Os defensores da saída de Corrêa e Moretti argumentam que a operação da PF encontrou diversos indícios de que integrantes da atual gestão da Abin agiram para atrapalhar as investigações, com suspeita de conluio com deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Durante as buscas, os policiais encontraram um celular e um notebook da Abin com o deputado, quase dois anos depois de ele ter deixado a agência. A PF também encontrou, no gabinete de Ramagem, um relatório de inteligência da atual gestão da Abin sobre as investigações da PF.

 

Outro argumento é o suposto vínculo de Moretti com o bolsonarismo. O diretor adjunto atuou no comando da PF na gestão anterior. Ele foi diretor de Inteligência da PF até o final do governo Bolsonaro, quando o Ministério da Justiça estava sob o comando de Anderson Torres. Moretti também trabalhou com Torres quando o ex-ministro foi secretário de Segurança do Distrito Federal.

 

Tarso elogia diretor da Abin

 

Luiz Fernando Corrêa é questionado dentro do governo por ter bancado a manutenção de Moretti no segundo cargo mais importante da Abin, apesar de vários alertas de interlocutores da PF, do Ministério da Justiça e do Palácio do Planalto sobre o risco de manter alguém com tamanho vínculo com o governo anterior.

Corrêa tem uma relação de proximidade e confiança com o presidente Lula. Eles se aproximaram no segundo mandato do presidente, quando Corrêa foi diretor-geral da PF. Na época, ele chegou ao cargo apadrinhado pelo então ministro da Justiça, Tarso Genro.

Ao blog, o ex-ministro afirmou que Corrêa é um quadro qualificado, de extrema confiança, com todas as credenciais para função de diretor da Abin. Genro disse que, em 2023, até ficou surpreso com a escolha de Moretti para ser o número dois da agência em função do vínculo do atual diretor adjunto com o governo Bolsonaro, mas não acredita que ele seja “bolsonarista”.

 

“Moretti estava na direção da Polícia Federal quando fui ministro. Não acho que seja bolsonarista. A PF tem uma dialética interna diferente de outras instituições de governo. Há questões de natureza corporativa, mudanças na relação de poder, que fazem com que as pessoas assumam determinados cargos. Luiz Fernando não o escolheria [para a direção da Abin] sem que tivesse a certeza de que ele é um cara correto”, afirmou.

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