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Com pipas, foguetes e até aviões, cientistas planejam experimentos durante eclipse solar
Brasil
Publicado em 06/04/2024

Na segunda-feira (8), espectadores do México, Estados Unidos e Canadá terão a chance de observar um eclipse solar total. O fenômeno é considerado bastante especial e raro. Em média, um evento do tipo ocorre a cada 18 meses no nosso planeta, mas para passar no exato mesmo ponto, só a cada 375 anos.

E como o eclipse da próxima segunda vai percorrer os Estados Unidos de ponta a ponta, cientistas ao redor da América do Norte irão realizar diversos experimentos que visam investigar a atmosfera externa do Sol, chamada corona, e o impacto desse fenômeno na nossa atmosfera terrestre.

Veja abaixo alguns desses experimentos e entenda a importância deles.

 
Visibilidade do eclipse solar total de 8 de abril. — Foto: Arte g1/Kayan Albertin

Visibilidade do eclipse solar total de 8 de abril. — Foto: Arte g1/Kayan Albertin

 

Voos científicos da Nasa

 

Os eclipses têm sido cruciais para avanços científicos há muito tempo. Em 1919, por exemplo, durante um eclipse solar total, estrelas foram observadas em posições inesperadas, validando a teoria de Einstein sobre a gravidade, que sugere que a presença do Sol curva o espaço-tempo.

Desta vez, na próxima segunda, um dos principais projetos da Nasa vai usar aviões de pesquisa chamados de WB-57 para tirar fotos do eclipse a 50 mil pés acima da Terra (cerca de 15km).

A agência tem três modelos do tipo e a ideia dessa empreitada é aproveitar o momento do eclipse para vermos partes do Sol que normalmente não são vistas por causa da sua luminosidade.

 

Por isso, com uma câmera especial, cientistas esperam descobrir fenômenos inéditos nesse momento, como encontrar asteroides nunca vistos perto do nosso Sol.

E uma das principais implicações de observar esses objetos rochosos, localizados a 149,6 milhões de km de nós, é a oportunidade de compreendermos diversos mistérios do Universo. Isso inclui desde segredos do Cinturão de Asteroides, situado entre as órbitas de Marte e Júpiter, até a dinâmica de formação do nosso Sistema Solar.

Um piloto se posiciona dentro de um avião WB-57 da Nasa durante os preparativos de decolagem na Escola de Pilotos de Teste da Marinha dos EUA, no estado de Maryland. — Foto: NASA/Bill Stafford

Um piloto se posiciona dentro de um avião WB-57 da Nasa durante os preparativos de decolagem na Escola de Pilotos de Teste da Marinha dos EUA, no estado de Maryland. — Foto: NASA/Bill Stafford

Fora isso, como esses aviões carregam instrumentos que medem temperatura, composição química e ejeções de massa coronal, ou seja, aquelas erupções de gás a altíssimas temperaturas, a Nasa também pretende estudar essas explosões solares neste projeto.

 

Observar a corona durante o eclipse solar de 2017, por exemplo, foi muito importante para melhorar nossas previsões sobre o clima espacial, que tem implicações aqui na Terrra. Vale lembrar que tempestades solares podem ser um problema para satélites e até mesmo astronautas.

Mas por que voar? Bom, estar no ar permite que a equipe de cientistas da Nasa se mova para acompanhar a sombra da Lua, o que estende o tempo disponível para estudar o Sol durante um eclipse.

Segundo a agência espacial norte-americana, nesse experimento da coroa solar, voar vai aumentar em mais de dois minutos o tempo de observação.

Uma aeronave WB-57 pronta para um voo de teste na Base Aérea de Patrick, em Cocoa Beach, na Flórida (EUA). — Foto: NASA

Uma aeronave WB-57 pronta para um voo de teste na Base Aérea de Patrick, em Cocoa Beach, na Flórida (EUA). — Foto: NASA

 

Já um terceiro experimento usando um avião WB-57 vai estudar a camada carregada da atmosfera superior da Terra, chamada ionosfera.

Ela é tipo uma fronteira entre a atmosfera e o espaço e, por isso, é bastante afetada pela radiação solar. Como muitas informações importantes para a comunicação e a navegação globam atravessam a ionosfera, compreender melhor sua dinâmica também é algo bastante relevante.

 

Pipa e até foguete

 

Uma das principais preocupações de milhares de pessoas na América do Norte durante o eclipse da próxima segunda são as condições climáticas durante esse fenômeno. Afinal de contas, viajar para o lugar ideal e não conseguir observar o Sol encoberto pela Lua por causa do tempo ruim pode ser bem frustante.

Por isso, repetindo um experimento que deu certo no eclipse da Austrália no ano passado, uma cientista da Universidade do Havaí tem uma carta na manga: uma pipa poderosa.

Na data do eclipse, a astrônoma e física Shadia Habbal pretende empinar novamente um espectrômetro a 3.500 pés do solo (cerca de 1km).

Nessa altura, além de evitar a cobertura da maioria das nuvens, esse instrumento científico permite uma visão privilegiada da cora solar - e com um custo muito mais baixo que o projeto da Nasa.

 

Mas o objetivo principal de Habbal é estudar como o vento solar se forma na corona, o que também é algo fundamental para entendermos os efeitos do clima espacial na Terra e em outros lugares.

A superfície lunar, por exemplo - onde o ser-humano deve voltar a pisar em breve -, é bastante afetada pelas partículas carregadas e pela radiação do vento solar.

A gigantesca pipa que será utilizada num experimento para observar ventos solares durante o eclipse da próxima segunda (8). — Foto: Nasa/Klemens Brumann and Benedict Justen

A gigantesca pipa que será utilizada num experimento para observar ventos solares durante o eclipse da próxima segunda (8). — Foto: Nasa/Klemens Brumann and Benedict Justen

Fora tudo isso, um projeto da Nasa na Flórida também pretende estudar potenciais perturbações na nossa ionosfera durante o eclipse, mas com um detalhe especial: por meio de três foguetes.

A ideia é semelhante ao experimento com o WB-57que vai estudar essa camada carregada da atmosfera superior da Terra, mas o diferencial aqui é que esse trio de foguetes implantará instrumentos científicos para medir mudanças nos campos elétricos e magnéticos dessa camada da atmosfera.

 

Para isso, os foguetes serão lançados cerca de 35 minutos antes do pico do eclipse no local, um durante o pico do eclipse e outro 35 minutos depois.

 

Mas o que é um eclipse?

 

Primeiro, precisamos entender que um eclipse solar ocorre quando a Lua se posiciona entre o Sol e a Terra de uma maneira que ela acaba lançando uma sombra sobre a Terra.

A Lua então bloqueia a entrada de luz solar que chega à Terra.

Às vezes, a Lua bloqueia apenas parte da luz do Sol, no chamado eclipse solar parcial ou anular.

Já quando a Lua bloqueia toda a luz do Sol, temos um eclipse solar total.

Entenda os diferentes tipos de eclipse assistindo ao vídeo abaixo:

 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O que é um eclipse?

 

 

Veja a diferença nas fotos a seguir:

 

 

  • Eclipse solar total:

 

Foto mostra Sol totalmente encoberto pela Lua durante eclipse solar total. — Foto: Ronaldo Schemidt/AFP

Foto mostra Sol totalmente encoberto pela Lua durante eclipse solar total. — Foto: Ronaldo Schemidt/AFP

 

  • Eclipse solar parcial:

 

Um eclipse solar parcial visto da cidade inglesa de North Shields, ao norte do país. — Foto: Owen Humphreys/PA via AP

Um eclipse solar parcial visto da cidade inglesa de North Shields, ao norte do país. — Foto: Owen Humphreys/PA via AP

 

Assim, como é possível ver nas imagens acima, em um eclipse solar total, a Terra, a Lua e o Sol se alinham de tal forma e em uma posição tão exata que toda a estrela do nosso sistema é "tampada" da perspectiva da Terra – é possível ver apenas a coroa, a atmosfera do Sol.

No caso do eclipse solar parcial, não há um alinhamento entre os três corpos celestes. Ele ocorre quando a Lua passa entre o Sol e a Terra, mas o Sol, a Lua e a Terra não estão perfeitamente alinhados.

Na próxima semana então observadores de países da América do Norte verão um desses fenômenos.

Segundo a Nasa, a agência espacial norte-americana, se as condições climáticas permitirem, o primeiro local na América do Norte continental a experimentar a totalidade será a costa do Pacífico do México, perto das 15h07 da tarde da segunda (8) no horário de Brasília.

Depois disso, o eclipse seguirá pelos Estados Unidos, entrando no Texas e passando por outros estados até chegar ao Maine. Em seguida, passará no Canadá por Ontario e seguirá para o Atlântico Norte, saindo da costa de Newfoundland por volta das 16h16.

O Observatório Nacional e a agência espacial norte-americana irão fazer transmissões ao vivo do evento. Para acompanhar a transmissão do ON, basta acessar o canal do observatório em: youtube.com/observatorionacional.

 

 

Quando veremos um eclipse no Brasil?

 

O próximo eclipse solar no Brasil é do tipo anular e será em 2 de outubro de 2024. Em boa parte do país, ele passará pelo como parcial. Ou seja, quem olhar para o céu verá o nosso Sol "mordido" pela Lua.

Isso acontece porque um eclipse solar anular sempre acompanha um eclipse solar parcial.

E, neste caso, a passagem do fenômeno favorecerá estados da Região Sul, Sudeste (exceto a porção norte de Minas Gerais) e o Mato Grosso do Sul. Já moradores de trechos da Bahia, Goiás e Mato Grosso também terão a chance de flagrar o evento.

No restante do país, esse eclipse de outubro não será visível.

Já os eclipses lunares não serão tão marcantes neste ano para os observadores mais leigos. O último foi um lunar penumbral, em março, mas neste tipo de eclipse não é possível detectar a olho nu uma mudança na luminosidade da Lua.

Já o eclipse lunar parcial de setembro, por exemplo, será extremamente tênue. Ele passará por todos os estados do país, mas, no auge do fenômeno, a cobertura da Lua será de apenas 0.08%.

Eclipses de 2024

 

  • 24-25 de março - Eclipse penumbral da Lua (visível em todo o país, mas não a olho nu)
  • ☀️ 8 de abril - Eclipse solar total (não visível no Brasil)
  • 17-18 de setembro - Eclipse lunar parcial (visível em todo o país, de forma tênue)
  • ☀️ 2 de outubro - Eclipse solar anular (visível em boa parte do país como parcial)
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