Nos oito primeiros dias de abril, choveu mais do que o esperado para o mês inteiro em Salvador. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a estação pluviométrica de Ondina registrou 291.2 milímetros de chuva, quando 284.9 milímetros era esperado até o próximo dia 30. Os motivos para tantos ‘torós’ envolvem três fatores, que incluem as ações dos ventos e o aquecimento do Oceano Atlântico.
Um dos principais sistemas meteorológicos causadores de chuva em parte das regiões Norte e Nordeste do Brasil, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é uma das responsáveis pelos índices pluviométricos registrados neste mês. Aliado a ela, a atuação do cavado – fenômeno caracterizado pelo escoamento de ventos que facilita o transporte de umidade – também tem contribuído para o cenário chuvoso em Salvador.
“Cavados são áreas alongadas de baixa pressão que, à medida que se formam, vão acelerando a formação de nuvens de chuva, e com isso mantendo essas chuvas que estão acontecendo”, explica a meteorologista do Inmet Andrea Ramos.
Outro fator está relacionado ao aquecimento das águas do Oceano Atlântico. “As águas do nosso do Oceano Atlântico contribuem muito para as chuvas do Nordeste, então, uma vez que essas águas estão quentes, aumenta a evaporação e a quantidade de vapor d'água na atmosfera, que facilita a formação de nuvens com potencial para chuva de moderadas a fortes”, esclarece Maryfrance Diniz, meteorologista do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).
Normalmente, existe um padrão nas chuvas: elas ocorrem no início da manhã, dão trégua ou minimizam durante o dia, voltam com intensidade no início da tarde e evoluem progressivamente à noite até a madrugada. Inclusive, a sensação de que na madrugada chove mais não é infundada, conforme aponta Maryfrance Diniz.
“Quando é de manhãzinha e de madrugada vem aquelas pancadas de chuva forte justamente por conta desses eventos e pela temperatura, porque o mar já está aquecido. E, nessa semana, é pelo fato da atuação desse sistema cavado. O escoamento do vento é que está trazendo essa umidade com maior intensidade para o continente”,