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Pais foram acusados de quase um terço de assassinatos de crianças no Rio no ano passado
Brasil
Publicado em 19/04/2024

morte da menina Lara Emanuelly Braga, de 3 anos, com sinais de espancamento no domingo, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, cujo réu confesso e preso em flagrante é o padrasto, Carlos Henrique da Silva Junior, reacendeu um alerta sobre a participação dos pais nos crimes contra os filhos. Em 2023, os pais foram responsáveis por 31,4% das mortes de crianças, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) do Estado do Rio.

 

Em número de casos, das 35 crianças mortas no último ano, 11 delas foram vítimas de seus próprios pais, mães, padrastos ou madrastas, duas foram vítimas de outros parentes, oito não apresentam nenhuma ligação de parentesco e 14 não tiveram o tipo de relação informada. A maioria dos homicídios foi entre indivíduos do sexo feminino, com 60% do total.

Na esteira de episódios de violência contra crianças, os indicadores do ISP confirmam uma crescente de 40% dos registros de 2023 para 2022. Desde o início da série histórica, em 2014, cerca de 252 crianças foram mortas.

 

Caso Lara Emanuelly

 

A menina Lara Emanuelly Braga, de 3 anos, que morreu com sinais de espancamento no domingo, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, foi agredida porque não queria tomar banho. A informação é investigada pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) que autuou em flagrante por homicídio qualificado (quando não há chance de defesa da vítima) Carlos Henrique da Silva Junior, de 30, padrasto da criança. Preso por policiais militares na residência onde o assassinato aconteceu, no Bairro Vila Rosali, o suspeito prestou depoimento na especializada e confessou a morte da enteada.

A mãe da criança, identificada como Thayssa Braga, não estava na casa na hora do crime. Ela havia levado um dos irmãos de Lara para ser atendido numa Unidade de Pronto Atendimento. Segundo o RJTV, outro irmão da menina, de apenas 5 anos, presenciou o assassinato. Ele teria contado ter visto o padrasto bater na menina por duas vezes. E que, em seguida, ela caiu e bateu a cabeça no chão, que passou a sangrar.

 

Pouco depois, Carlos Henrique colocou o corpo de Lara na cama e disse para seu irmão que ela estava apenas dormindo. Pai biológico da criança, o carregador do Ceasa Maike Oliveira Ramos, de 28, que é separado de Thayssa, esteve nesta segunda-feira, no Instituto Médico-Legal de Duque de Caxias, para onde o corpo de Lara foi levado.

Como não chegou a registrar a menina em seu nome, ele precisou buscar auxílio de um parente materno da criança para tratar da liberação do cadáver para sepultamento. Por conta da dificuldade, o enterro só deve acontecer nesta terça-feira. Ele descreveu a filha como uma menina alegre que adorava brincar.

— Era uma garota muito inocente, não dava trabalho nenhum. Quando ela me via, só queria ficar agarrada comigo. Era papai para lá, papai para cá. Eu falava para ela que a amava também. Estive com a Lara na Páscoa. Agora, no domingo de Páscoa. Falei para ela que ia dar uma bonequinha. Mas aí aconteceu essa tragédia. Isto tudo está sendo muito difícil para mim — disse.

O carregador e Thayssa tiveram três filhos e se separaram pouco antes do nascimento de Lara. Ele contou que soube que a morte da filha teria ocorrido por suspeita de espancamento no IML de Duque de Caxias. Maike contou ter recebido um telefonema da mãe da menina com a notícia inicial de que Lara havia sofrido um engasgo.

 

— A mãe dela me ligou e disse que ela estava engasgada. Só soube da história do espancamento ao chegar no IML — disse.

O GLOBO não conseguiu contato com Thayssa, que ainda está abalada com a morte da filha. A DHBF vai investigar se a criança já havia sido espancada outras vezes pelo padrasto, já que vizinhos relataram o costume de ouvir choro de crianças na residência.

Há três anos, outro crime contra uma criança chocou o Rio. O menino Henry Borel, de 4 anos, morreu por suspeita de espancamento na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Na ocasião foram presos o ex-vereador e médico Jairo de Souza Santos Junior, o Jairinho, padrasto da criança, e a mãe de Henry, a professora Monique Medeiros, que namorava o médico. Ainda não há data prevista para realização do julgamento de Monique e de Jairinho.

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