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Delegado explica que suspeita de envenenar empresário com brigadeirão não foi presa ao depor por falta de base legal
Brasil
Publicado em 02/06/2024

O delegado Marcos Buss, da 25ª DP (Engenho Novo), afirmou nesta sexta-feira (31), durante entrevista à Globonews, que Júlia Cathermol, suspeita de matar o empresário Luiz Marcelo Ormond, não foi presa após prestar depoimento sobre o caso porque naquele momento não havia base legal para a prisão.

Júlia prestou depoimento sobre a morte do namorado no dia 22, dois dias após o corpo dele ser encontrado em estado avançado de decomposição. Em seu relato, ela contou que saiu da casa de Luiz na segunda-feira (20), após uma briga no domingo (19), mas disse que ele estava bem e que chegou a preparar o café da manhã para ela.

 

"Naquele momento não (tinha base legal para prendê-la). Porque ela não estava em flagrante e até aquele momento nós estávamos procurando a autoria e entender o que tinha acontecido", disse o delegado Buss.

 

"Naquele momento, a Julia foi chamada e contou a história dela. As incoerências foram surgindo à medida que ela foi prestando as declarações", completou.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Polícia investiga se suspeita de matar namorado com brigadeirão envenenado se passou por ele para receber dinheiro de imóvel

O delegado Marcos Buss lembrou ainda que Júlia deu todo seu depoimento de forma fria e que, em determinado momento, ele disse que ela era a principal suspeita pelo crime. Segundo ele, nem assim ela demonstrou alguma emoção.

"Eu falei pra ela: 'Essa história não condiz com a realidade. Você falou que gostava tanto do Luiz Marcelo e eu acabei de falar que ele foi encontrado morto e você é a principal suspeita'. Ela não esboçou uma reação característica, uma reação típica de alguém que é confrontada com essa notícia", comentou o delegado.

 

O investigador disse ainda que também estranhou que a suspeita foi prestar depoimento sem a presença de um advogado. Segundo o delegado, somente depois de outros depoimentos foi possível entender melhor a participação de Júlia no crime.

 

"Nós ouvimos diversas pessoas naquela mesma data e ao longo do dia foram surgindo diversas informações e fomos reunindo tudo ali. No dia que ouvimos a Julia, inclusive, achamos que ela sequer iria comparecer a delegacia", disse.

 

No final do dia 22, o delegado apresentou o pedido de prisão temporária contra Júlia à Justiça, que aceitou e expediu o mandado de prisão contra ela. Desde então, Júlia Cathermol segue foragida da Justiça.

Suyane Breschak, amiga de Júlia que se apresenta como cigana, foi presa por suspeita de participar da trama, recebendo bens da vítima, segundo a polícia.

Na delegacia, ela contou que conheceu Júlia há 12 anos, atuava comos ua mentora espiritual e já havia feito “trabalhos” para ela com alguns ex-namorados. Disse ainda que, por conta desses “trabalhos”, Júlia contraiu uma dívida de R$ 600 mil e que vinha pagando, há cinco anos, R$ 5 mil mensais.

Suyane revelou que a suspeita trabalhava como garota de programa e que todos os “trabalhos” eram feitos para que os companheiros não descobrissem sua profissão. Suyany contou que soube da morte de Luiz Marcelo no dia 18, em um churrasco que fez com a amiga logo depois da entrega do veículo de Luiz.

 

O carro da vítima teria sido entregue para amortizar a dívida em R$ 75 mil. O veículo, segundo a cigana, foi dado a um ex-namorado, que a ameaçava. Ele também teria recebido roupas e um ar-condicionado da vítima.

Victor Ernesto de Souza Chaffi também está preso, autuado pela recepção do carro.

 

Mensagens suspeitas

 

A Polícia Civil do Rio de Janeiro quer saber quem usou o telefone do empresário Luiz Marcelo Ormond, que pode ter sido envenenado e morto pela namorada, para pedir a antecipação de um pagamento que ele teria direito a receber.

O corpo de Luiz Marcelo foi encontrado dentro do apartamento dele no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio, no dia 20 de maio, já em estado avançado de decomposição. A suspeita é que ele tenha sido assassinado pela namorada Júlia Cathermol, com um brigadeirão envenenado, dias antes.

Os investigadores desconfiam que a própria Júlia tenha utilizado o telefone do namorado já morto para negociar o pagamento antecipado de uma parcela de um imóvel vendido por ele para um amigo.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Namorada é suspeita de dopar e matar empresário no Engenho Novo com ajuda de cigana

 

Essa linha de investigação teve início após o depoimento de Marcos Antônio de Souza Moura, um amigo de infância de Luiz Marcelo, que mantinha contato frequente com ele por troca de mensagens de áudio.

Marcos contou à polícia que comprou uma casa de Luiz Marcelo no bairro Maria da Graça, na Zona Norte. Segundo ele, os dois combinaram que o valor da casa seria pago em parcelas mensais de R$ 3 mil, a serem pagas todo dia 25. Além disso, todo mês de janeiro, o amigo se comprometeu a pagar mais R$ 20 mil.

Contudo, Marcos se espantou quando recebeu uma mensagem do celular de Luiz Marcelo, no dia 18 de maio, por volta das 21h da noite. O que chamou mais atenção foi o fato da mensagem chegar em forma de texto, diferente do habito que eles tinham de só se falar por áudio.

A mensagem supostamente escrita por Luiz Marcelo dizia o seguinte:

 

"Sobre o pagamento do dia 25, você pode antecipar este mês? Tive um gasto do caramba indo e voltando pra light, pra comprar as coisas pra religação de luz".

 

Em seu depoimento, Marcos reforçou que não acredita que a mensagem foi escrita por Luiz Marcelo, até porque o mesmo não passava por dificuldades financeiras.

 

"Nunca fizemos mensagens de texto, sempre áudio, áudio pra lá, áudio pra cá, nunca falamos por mensagem de texto e eu fui e estranhei, nesse dia que ele me pediu o adiantamento", disse Marcos.

 

Pressão para mudar acordo

 

O amigo do empresário também revelou aos investigadores que Luiz Marcelo estava incomodado com a pressão que Júlia fazia para que ele alterasse o contrato de venda do imóvel de Maria da Graça.

Júlia Andrade Cathermol Pimenta é procurada pela morte do namorado, o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond — Foto: Reprodução

Júlia Andrade Cathermol Pimenta é procurada pela morte do namorado, o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond — Foto: Reprodução

Segundo Marcos, ela queria ser beneficiária no contrato de compra e venda do imóvel, no lugar de Pedro Paulo Ormond Barbosa, primo de Luiz Marcelo.

 

"Ele falou: 'pô, Marcos, ela tá me perturbando. Ela perguntou por que eu não botei ela no contrato, e botei meu primo'", revelou Marcos.

 

 

As investigações sobre o caso indicam que Julia foi fria. Em seu depoimento, a suspeita disse que Luiz serviu o café da manhã dela na segunda de manhã, o que é impossível de acordo com a necropsia, já que o empresário já estava morto.

"Ela teria permanecido no interior do apartamento da vítima, com o cadáver, por cerca de 3, 4 dias. Lá ela teria dormido ao lado do cadáver, se alimentado, ela teria inclusive descido para a academia, se exercitado, retornado para o apartamento onde o cadáver se encontrava”, disse o delegado Marcos Buss.

 

Armas roubadas

 

O delegado Marcos Buss também disse que duas armas registradas no nome do empresário Luiz Marcelo Ormond foram roubadas de seu apartamento.

Segundo o responsável pelas investigações, a principal suspeita pela morte de Luiz Marcelo é a namorada dele, Júlia Cathermol, que segue foragida da Justiça. O delegado não descarta que ela possa estar com as armas roubadas.

"Não se pode desprezar a informação de que duas armas que sabemos estar no nome da vítima, e que sabíamos estar dentro do apartamento, foram subtraídas. Elas desapareceram. Um dos objetivos agora é localizar essas duas armas", comentou o delegado.

 

"Ela é a principal suspeita de ter praticado esse crime bárbaro. Mas será que essas armas também não estão com a Júlia? A Júlia armada pode representar um risco ainda maior", argumentou Marcos Buss.
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