Offline
Após vitória da esquerda, Macron decide manter primeiro-ministro no cargo
Brasil
Publicado em 09/07/2024

Em uma nova reviravolta na política francesa, o presidente do país, Emmanuel Macron, pediu nesta segunda-feira (8) ao atual primeiro-ministro, Gabriel Attal, que permanecesse em seu cargo.

Attal, que foi ao Palácio do Eliseu nesta manhã, iria pedir a renúncia após o resultado das eleições legislativas realizadas no país no domingo (7), em que a esquerda surpreendeu e saiu vencedora. Mas Macron pediu que ele permanecesse no cargo até que a situação se defina, o que pode demorar semanas ou até meses.

Isso porque, apesar de vencer o pleito e barrar a extrema direita do país, a esquerda não obteve o número mínimo de assentos no Parlamento francês necessários para indicar um primeiro-ministro.

 

Gabriel Attal é aliado do atual presidente, Emmanuel Macron -- na França, presidente e primeiro-ministro governam em conjunto.

 

Resultado

 

INFOGRÁFICO mostra como era e como fica o Parlamento da França após as eleições legislativas — Foto: Arte g1

INFOGRÁFICO mostra como era e como fica o Parlamento da França após as eleições legislativas — Foto: Arte g1

No domingo, em um resultado surpreendente, a coalizão de esquerda Nova Frente Popular obteve o maior número de assentos na Assembleia Nacional da França nas eleições legislativas, mas sem força suficiente para governar sozinha.

O segundo turno foi realizado neste domingo (7), e teve participação de quase 60% dos eleitores. Veja como ficaram as três maiores bancadas da nova legislatura:

 

  • Nova Frente Popular (esquerda): 182 assentos;
  • Juntos (coalizão governista, de centro): 168 assentos;
  • Reunião Nacional (extrema direita): 143 assentos.

 

Para a extrema direita, apesar do crescimento vertiginoso do número de assentos obtidos pelo Reunião Nacional (RN), de 88 para 143, o resultado foi uma decepção. No primeiro turno, ocorrido há apenas 1 semana, o partido de Marine Le Pen havia saído à frente de todas as demais forças políticas -- ele chegou a projetar obter para si a maioria absoluta da Casa.

 

 

"Nossa vitória foi apenas adiada", disse Le Pen, horas depois de uma pesquisa boca de urna indicar a derrota da legenda.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
00:00/02:00
 
 
 

Eleições legislativas na França: O que acontece agora?

O primeiro-ministro da França, Gabriel Attal, que é do Juntos, também admitiu a derrota, e disse que colocaria o cargo à disposição nesta segunda-feira (8).

Caberá ao presidente da FrançaEmmanuel Macron, indicar um novo premiê a partir dos resultados dessas eleições. Ainda não há previsão de quando isso vai ocorrer.

 

Esquerda vai precisar de aliança para governar

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
--:--/--:--
 
 
 

Macron recusa renúncia de premiê aliado e decide mantê-lo temporariamente no cargo

 

Embora ainda não tenham batido o martelo sobre a união, líderes do bloco esquerdista indicaram que poderiam se aliar ao centro para chegar aos 289 assentos necessários para ter maioria.

Após a Reunião Nacional, de Le Pen, conquistar 33% dos votos no primeiro turno, a Nova Frente Popular e o Juntos formaram uma espécie de cordão sanitário para impedir que a extrema direita chegasse ao poder.

A viabilidade de um governo juntando as duas forças, entretanto, ainda é incerta. Ambos os blocos nutrem desavenças profundas em determinados tópicos, como a reforma da Previdência francesa, por exemplo.

Prestes a entrar em um período de tensas negociações para definir o balanço de forças da Assembleia Nacional, a França se depara com um cenário desconhecido e até a ameaça de um Parlamento paralisado.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
--:--/--:--
 
 
 

Projeções apontam vitória da esquerda no segundo turno das eleições na França

 
Franceses protestam contra a extrema direita na Praça da República, em Paris, no dia 7 de julho de 2024 — Foto: Yara Nardi/Reuters

Franceses protestam contra a extrema direita na Praça da República, em Paris, no dia 7 de julho de 2024 — Foto: Yara Nardi/Reuters

 

Repercussão

 

Autoridades, políticos e celebridades do esporte comentaram a vitória da esquerda nas eleições parlamentares na França.

 

"Muito feliz com a demonstração de grandeza e maturidade das forças políticas da França que se uniram contra o extremismo nas eleições legislativas de hoje. Esse resultado, assim como a vitória do partido trabalhista no Reino Unido, reforça a importância do diálogo entre os segmentos progressistas em defesa da democracia e da justiça social. Devem servir de inspiração para a América do Sul."

 

 

O resultado também foi comemorado pelo primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez.

"Esta semana, um dos maiores países da Europeu escolheu o mesmo caminho que a Espanha há um ano: rechaço à extrema direita e aposta decidida em uma esquerda social que lide com os problemas das pessoas com políticas sérias e valentes", ele escreveu nas redes sociais. "Com a extrema direita não se faz acordo nem se governa."

Na Polônia, o premiê, Donald Tusk, que se opõe a Vladimir Putin, comemorou o resultado -- a extrema direita francesa é acusada de ter laços com o líder russo. "Em Paris, entusiasmo; em Moscou, desapontamento; em Kiev, alívio. O suficiente para se estar feliz em Varsóvia."

Diversos jogadores de futebol da seleção francesa, como Marcus Thuram, Tchouameni e Koundé, celebraram o resultado. Kylian Mbappé já havia pedido aos eleitores franceses para que barrassem o avanço do Reunião Nacional.

Comentários