A saída do México do grupo que busca uma solução para o conturbado processo eleitoral da Venezuela não deve ter impactos na negociação, minimizam integrantes do Itamaraty.
A justificativa é que Brasil e Colômbia já conduziam todas as conversas tanto com o regime de Nicolás Maduro quanto com integrantes da oposição, que teve Edmundo González como candidato.
A avaliação é que, agora sem o México, Brasil e Colômbia devem ter mais coesão e acelerar para uma proposta para a crise venezuelana.
A expectativa é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente colombiano, Gustavo Petro, façam em breve uma nova manifestação.
Nesta quarta-feira à tarde, o Ministério das Relações Exteriores, Mauro Vieira, embarca para Bogotá, onde se reunirá com o chanceler Luis Gilberto Murillo para discutir a Venezuela na quinta-feira.
À CNN, fontes do Itamaraty disseram que a saída do México não foi uma surpresa.
De acordo com integrantes do governo brasileiro, nos últimos dias, as autoridades mexicanas vinham indicando sinais de que o processo decisório sobre a crise na Venezuela estava emperrado e já não estavam contribuindo com o processo.
A suspensão das conversas com Brasil e Colômbia sobre a Venezuela foi anunciada pelo presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, nesta terça-feira (13), em entrevista coletiva à imprensa.
López Obrador descartou conversar com Lula e Petro neste momento. Uma nova conversa entre os três era prevista para o início desta semana, mas acabou não ocorrendo. Aos jornalistas, o mexicano disse que vai esperar a decisão da justiça venezuelana.
“Agora não, porque vamos esperar que o Tribunal (da Venezuela) decida”, disse López Obrador em sua coletiva de imprensa diária no Palácio Nacional.
López Obrador está na reta final de seu mandato. A nova presidente Claudia Sheinbaum assume o poder no dia 1º de Outubro. Na segunda-feira (12), ela já havia dito que não se comprometia em seguir no diálogo sobre o processo da Venezuela e que essa era uma atribuição de organizações internacionais.
O Conselho Nacional da Venezuela (CNE) indicou a reeleição Nicolás Maduro. O resultado, porém, é contestado pela oposição, que teve como candidato Edmundo González, e organizações internacionais.
Desde o início, o Brasil adotou uma postura de exigir a divulgação das atas eleitorais e tem tentando se manter como um interlocutor de Maduro e González.
A negociação vinha sendo feita em conjunto com Colômbia e México. Em 1º de agosto, Lula, Petro e Obrador, após uma conferência, divulgaram uma nota conjunta pedindo que a Venezuela divulgue os dados desagregados da eleição após “controvérsias”.
Na quinta-feira (8), os governos de Brasil, Colômbia e México emitiram um segundo comunicado conjunto assinado pelos chanceleres. Os países “reafirmam a conveniência de que se permita a verificação imparcial dos resultados, respeitando o princípio fundamental da soberania popular” e reiteram que “o respeito aos Direitos Humanos deve prevalecer em qualquer circunstância”.
A presidente do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, Caryslia Rodríguez, disse no sábado (10) que recebeu todas as informações solicitadas de partidos políticos e candidatos e que seguirá com o processo de auditoria sobre o resultado da eleição presidencial do dia 28 de julho.
De acordo com a presidente do tribunal, a sentença será ”definitiva”, ou seja, não caberá recursos e será de “cumprimento obrigatório”.