Agentes do governo de Nicolás Maduro impediram a entrada de alimentos na embaixada da Argentina por pelo menos um dia no último fim de semana, quando a sede diplomática foi alvo de um cerco por agentes policiais e do Serviço Bolivariano de Inteligência.
O relato é de uma fonte que acompanhou as negociações para fim do assédio à embaixada Argentina, que desde o início de agosto é custodiada e representada pelo Brasil.
Seis opositores que integram a equipe da ex-deputada María Corina Machado estão asilados na embaixada argentina desde março, quando um mandado de prisão foi emitido pelo Ministério Público contra eles, assim como aconteceu com o ex-candidato à presidência Edmundo González.
A CNN apurou que durante pelo menos um dia no último fim de semana, agentes do governo Maduro somente permitiram a entrada de água, mas não de outros mantimentos, para os asilados. A situação só foi resolvida depois que interlocutores do governo brasileiro dialogaram com integrantes da administração venezuelana para a entrada dos alimentos.
A reportagem entrou em contato com o governo venezuelano para comentar o episódio e aguarda retorno.
A revelação se soma à denúncia dos opositores asilados de que a eletricidade foi cortada na sede diplomática durante a presença policial do lado de fora da residência diplomática argentina. Isso já havia acontecido anteriormente e levou o governo argentino a lembrar a Venezuela da obrigação do Estado receptor de missões diplomáticas de salvaguardá-las de “invasões ou danos e preservar a tranquilidade e dignidade da mesma”.
Em resposta, o Brasil manifestou a necessidade de designação de outro país para assumir a representação argentina na Venezuela e que esta responsabilidade somente será passada adiante quando essa substituição for oficializada.
O cerco policial à embaixada custodiada pelo Brasil teve início na noite de sexta e durou até sábado, quando González, que estava na embaixada da Espanha, decidiu sair do país e recebeu o salvo-conduto do governo venezuelano.
Os seis opositores venezuelanos continuam asilados na embaixada argentina custodiada pelo Brasil. A Argentina tenta, desde março, um salvo-conduto para que eles possam deixar o país, o que foi negado pelo governo Maduro desde então.