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Professor de surfe diz que uruguaios que depredaram seu carro tentaram queimar o veículo: 'Nem seguro eu tenho'
Brasil
Publicado em 25/10/2024

O guarda-vidas aposentado do Corpo de Bombeiros e atual professor de surf Marcelo Barbosa, de 55 anos, por pouco não teve seu carro incendiado durante a confusão envolvendo torcedores do Peñarol, que causaram o caos no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, na última quarta-feira (23).

Os uruguaios vieram à cidade para o jogo de ida da semifinal da Conmebol Libertadores contra o Botafogo e provocaram um dia de guerra, com veículos incendiados e comércio saqueado. Ao todo, 283 pessoas foram detidas.

Marcelo contou ao g1 que seu carro, modelo Fiat Pálio, foi completamente vandalizado, teve os vidros quebrados e objetos furtados do seu interior.

 

Segundo o professor, os torcedores uruguaios tentaram incendiar o carro e só não conseguiram porque surfistas, alguns de seus alunos, foram ao local para evitar o pior.

"Eles quebram tudo. Destruíram meu carro e tentaram tacar fogo. Minha sorte foi que o pessoal não deixou. Na hora, interviram. Eles começaram a expulsar os caras de perto. Os meninos, professores aqui da escola e os surfistas também ajudaram e expulsaram eles", contou Marcelo.

 

"Eles (alunos) saíram empurrando o carro, tiraram o carro daqui, deslocaram o carro pra mais distante. Foi minha sorte. É o carro que eu uso pra levar as pranchas. Nem seguro eu tenho", comentou o professor.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Comerciantes relatam prejuízos após briga generalizada no Recreio dos Bandeirantes

 

Marcelo dá aula de surf na Praia do Recreio há mais de 30 anos e nunca tinha visto algo assim na região.

"Eu tava longe e quando vi a fumaça (nas motos que foram incendiadas), eu vim correndo. E no caminho eu só pensava: queimaram meu carrinho", lembrou Marcelo.

 

"O prejuízo é absurdo. Quebraram tudo. Só o para-brisa é mais de R$ 400", lamentou.

 

As cenas de selvageria na orla do Recreio duraram cerca de uma hora e meia, praticamente sem repressão policial.

"Os caras não têm limite. Pô, botaram fogo nas motos, queriam queimar meu carro. Por que isso? Só trabalhador aqui. Um dos meninos (que teve a moto incendiada) é meu aluno da escola. Ele é motoboy. Agora perdeu a moto", comentou o professor ainda sem acreditar.

 

Furtos, casos de racismo e bebedeira

 

Equipes do g1 e da TV Globo conversaram com testemunhas, cariocas e turistas, e reuniram relatos e vídeos de fatos que podem ter levado à briga generalizada com cerca de 280 torcedores uruguaios.

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De acordo com os relatos, o tumulto não teve apenas uma única motivação para começar. Casos isolados de furto, como o que ocorreu dentro da Padaria Alfabelle, na Avenida Lúcio Costa – a principal da orla - ofensas racistas e até possíveis assédios aconteceram e acirraram os ânimos entre comerciantes, banhistas locais e os torcedores uruguaios.

Ainda segundo os trabalhadores da região, outro fator determinante para a confusão generalizada foi a bebedeira dos torcedores. Pessoas disseram que a maior parte do grupo estava bebendo na praia desde a madrugada de terça para quarta-feira.

Além disso, segundo relatos, um grupo de uruguaios também tentou furtar barracas e cadeiras de praia de um dos quiosques da orla.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Torcedor do Peñarol é flagrado furtando celular em padaria

 

Momentos antes do caos na praia, a Polícia Militar prendeu um uruguaio que furtou um celular em uma padaria. O responsável pelo estabelecimento acionou a polícia depois de perceber que o aparelho tinha sido levado e confirmar nas imagens de câmeras de segurança (veja acima o vídeo).

O uruguaio foi, então, localizado em um quiosque e revistado. Com Carlos Francisco Sauco foi encontrado o celular furtado. Ele foi preso em flagrante e autuado por furto.

 

Assédio e racismo

 

Em outro momento posterior, os uruguaios teriam ido para a praia, onde há relatos de outras confusões. Uma delas envolve denúncias de racismo.

g1 conversou com jovens que estavam na praia, onde também aproveitavam o dia de sol torcedores do Peñarol – que enfrenta à noite o Botafogo pela Taça Libertadores.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Banhistas relatam racismo e assédio durante confusão com torcedores do Peñarol

 

O trio contou que os uruguaios começaram com brincadeiras inconvenientes com as meninas e chegaram a tocar no corpo e cabelo delas sem o consentimento. Uma delas, a influenciadora digital Amanda Bastos, disse que o biquíni chegou a desamarrar com o assédio.

Amigo delas, o fotógrafo Igor Camargo tentou ajudar e conta que foi, então, alvo de ataques racistas.

 

"Eles proferiram gestos de macacos, eles falaram sobre o meu cabelo, que o meu cabelo fedia, que a cor do meu cabelo era ruim, que a minha cor era muito suja", contou.

 

Segundo ele, outros brasileiros que estavam na praia se solidarizaram e a confusão começou a se formar, segundo contam.

 

"Outras pessoas que trabalham na praia, os trabalhadores vieram e perguntaram que o que estava acontecendo. Começou um alvoroço muito grande (...) Foi quando todo mundo começou a se dispersar."

 

Um vídeo gravado pelo trio mostra partes da confusão. Em um deles, Igor discute com um uruguaio, que bate com a mão na própria axila rindo, antes de reclamar que a amiga de Igor filmava.

Outro torcedor, com o short do Peñarol e uma caipirinha na mão, olha para a direção da mulher que filma, faz um coração com as mãos e manda beijos.

 

O trio afirmou que estava indo à polícia fazer o registro de ocorrência.

Em outro relato, feito ao repórter Ben-Hur Correia, da TV Globo, um homem diz que a briga começou depois que um torcedor fez ofensas racistas a um barraqueiro na areia.

 

Discussão e arma em quadra

 

Homem aponta a arma para uruguaio na quadra de futevôlei — Foto: Reprodução

Homem aponta a arma para uruguaio na quadra de futevôlei — Foto: Reprodução

Outro vídeo que circula em redes sociais mostra uma discussão rápida quando um grupo de uruguaios parece estar chegando à areia da praia. Ao passarem por uma quadra de futevôlei, os jogadores reclamam que estão atrapalhando.

Enquanto um dos uruguaios anda lentamente para cruzar a quadra, um brasileiro, de sunga, se aproxima e exibe uma arma fazendo o movimento para que ele saia – ordem que ele rapidamente acata.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Homem aponta arma para torcedor uruguaio em quadra de futevôlei no Recreio

"Olha como é que sai rapidinho", brinca um homem que não aparece nas imagens.

Segundo informações preliminares, o jogador que saca a pistola é um policial militar. Não há identificação sobre quem seria nem se esse princípio de confusão teve continuidade.

Ao todo, 283 uruguaios foram detidos. Uma arma foi apreendida. Segundo os bombeiros, sete pessoas foram atendidas com ferimentos no local da confusão. De acordo com a corporação, três delas foram levadas para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra. Ainda não há informações sobre a identificação dos feridos e sobre os tipos de ferimentos.

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