A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, minimizou a polêmica sobre a política de distribuição de dividendos da companhia. Em sua primeira entrevista exclusiva, a executiva explicou que a decisão sobre o tema segue uma lógica: existência de lucro, partilha prevista em estatuto, plano estratégico e caixa.
“Não há mérito nenhum em empilhar dinheiro. O que a gente não precisar reter, será distribuído”, disse ao CNN Money.
“Está no nosso estatuto que nós temos que distribuir 45% (do lucro). Isso não pode ter dúvida. Sobre os extraordinários, por enquanto, a gente não tem maiores expectativas”, afirmou na sede da Petrobras no Rio de Janeiro.
Apesar de não dar pistas sobre eventual partilha adicional dos lucros, Chambriard explica que a decisão sobre o tema é racional. Primeiro, é preciso levar em conta o novo plano estratégico para o período entre 2025 e 2029, que será divulgado nos próximos dias.
Em seguida, deve-se observar os indicadores financeiros conhecidos dos investidores. “O que for lucro, o que for fluxo de caixa livre, o que tiver dentro dos 45% e o que a gente não precisar reter para garantir nossos investimentos, serão distribuídos”.
“Se o caixa for suficiente (para o investimento do plano), a gente não empilha dinheiro. Não há mérito nenhum em empilhar dinheiro”.
A decisão sobre a distribuição de dividendos, explicou, respeita o estatuto e interesses dos acionistas. “Pesa na decisão os interesses dos nossos acionistas como um todo, sejam eles governamentais ou privados”.
Enquanto o governo tenta contornar a frágil situação fiscal, Chambriard rechaçou que haja qualquer pressão da equipe econômica sobre pagar dividendos para melhorar o caixa do Tesouro Nacional. “O ministro Fernando Haddad, verdade seja dita, nunca me ligou pra isso não”.
Endividamento
Ainda sobre os indicadores financeiros, Chambriard classificou a dívida da companhia como “praticamente irrisória”.
“Quando a gente fala de dívida, a gente está falando de uma dívida muito pequenininha, muito menor do que a de qualquer outra empresa”, disse, ao comentar que os principais compromissos financeiros da companhia são pagamentos aos donos das instalações usadas pela estatal, como embarcações e plataformas.
“É como se fosse um leasing. Eu não invisto, mas pago aluguel. A grande parte a grande parte da nossa dívida hoje é aluguel de equipamentos que nos geram uma receita estrondosa. Então, não considero isso dívida”, disse.