Pela primeira vez desde que o cessar-fogo no Líbano entrou em vigor na semana passada, o Hezbollah disparou dois projéteis em direção ao território ocupado por Israel, em resposta aos repetidos ataques israelenses nos últimos dias.
Israel tem realizado uma série de bombardeios no Líbano desde quinta-feira (28), um dia após a suspensão nos combates começar. Ao menos uma pessoa foi morta em um ataque no sul do Líbano, de acordo com o Ministério da Saúde libanês.
Nesta segunda-feira (2), o Hezbollah disparou dois projéteis, que caíram em uma área aberta, de acordo com o Exército israelense, que disse que ninguém ficou ferido. Os militares não especificaram o tipo de projétil disparado.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou o ataque é “uma violação séria do cessar-fogo” e que seu país “responderia a isso com força”.
O Hezbollah afirmou em declaração que alvejou posições militares israelenses “à luz das repetidas violações iniciadas pelo inimigo israelense do acordo de cessar-fogo”.
O grupo armado acusou Israel de quebrar o cessar-fogo ao “atirar em civis e ataques aéreos em diferentes partes do Líbano, resultando no martírio de cidadãos e ferimentos a outros, além da violação contínua do espaço aéreo libanês por aeronaves israelenses hostis que chegavam à capital, Beirute”.
As FDI informaram que os dois projéteis do Hezbollah foram disparados em direção às Fazendas Shebaa, conhecidas em Israel como Har Dov (Monte Dov), que, sob a lei internacional, é considerado território sírio ocupado.
Israel tomou as Fazendas Shebaa, junto com as Colinas de Golã, da Síria depois que foram atacadas em 1967. Os EUA reconheceram a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã em 2019.
O ministro da defesa de Israel, Israel Katz, ponderou que “o disparo do Hezbollah contra o posto das FDI em Mount Dov será recebido com uma resposta dura”.
Benny Gantz, ex-chefe de gabinete das Forças de Defesa de Israel que deixou o governo no início deste ano, por sua vez, comentou que é “hora do teste”
“Se não reagirmos fortemente contra o Estado do Líbano, retornaremos à era das equações”, afirmou.
Alertas sobre violação de cessar-fogo
As Forças de Defesa de Israel (FDI) destacaram nesta segunda que seus próprios ataques foram “em resposta a várias ações do Hezbollah no Líbano que representaram uma ameaça aos civis israelenses, em violação aos entendimentos entre Israel e o Líbano”.
As FDI alegaram que atingiram veículos militares em um local de fabricação de mísseis do Hezbollah no Vale do Bekaa e túneis perto da fronteira com a Síria, no norte do Líbano.
Tanto o governo dos Estados Unidos quanto o da França alertaram Israel de que acreditam que seu Exército violou os termos do cessar-fogo, de acordo com a Kan, rede afiliada da CNN, e o meio de comunicação israelense Ynet.
Uma fonte da força de manutenção da paz da ONU no Líbano, a Unifil, diz que Israel violou seu acordo de cessar-fogo com o Líbano “aproximadamente 100” vezes desde que a trégua entrou em vigor na semana passada.
A CNN pediu comentários às FDI e aguarda retorno.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, disse ao chanceler francês em um telefonema que seu país está, de fato, seguindo o cessar-fogo, em vez de violá-lo, disse Sa’ar no X nesta segunda-feira.
“A presença de agentes do Hezbollah ao sul de Litani [no Líbano] é uma violação fundamental do acordo e eles devem se mover para o norte”, pontuou o chanceler, acrescentando que Israel está “comprometido com a implementação bem-sucedida dos entendimentos de cessar-fogo”.
A ofensiva causou destruição e obrigou mais de um milhão de pessoas a saírem de casa para fugir da guerra. Além disso, deixou dezenas de mortos no território libanês.
A expectativa é que o acordo sirva de base para uma cessação das hostilidades mais duradoura.
Ao mesmo tempo, a guerra continua na Faixa de Gaza, onde militares israelenses combatem o Hamas e procuram por reféns que foram sequestrados há mais de um ano durante o ataque do grupo radical no território israelense no dia 7 de outubro de 2023. Na ocasião, mais de 1.200 pessoas foram mortas e 250 sequestradas.
Desde então, mais de 43 mil palestinos morreram em Gaza durante a ofensiva de Israel, que também destruiu praticamente todos os prédios no território palestino.
Em uma terceira frente de conflito, Israel e Irã trocaram ataques, que apesar de terem elevado a tensão, não evoluíram para uma guerra total.
Além disso, o Exército de Israel tem feito bombardeios em alvos de milícias aliadas ao Irã na Síria, no Iêmen e no Iraque.