A cerimônia de assinatura do contrato de concessão da BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares serviu como forma de divulgação do trabalho do Ministério dos Transportes na privatização da chamada “Rodovia da Morte”. O evento no Palácio do Planalto na manhã desta quarta-feira (22/1), no entanto, foi também palco para mais um episódio de troca de farpas entre a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador mineiro Romeu Zema (Novo).
Zema não compareceu ao evento na capital federal. Na agenda do governador, constavam como compromissos reuniões com secretários, participação em um evento do corpo de bombeiros e uma palestra da Associação Mineira de Municípios (AMM). A ausência se somou a uma série de convites com o Planalto como remetente recusados na Cidade Administrativa, a exemplo do encontro com governadores para debate da segurança pública e das reuniões que recordaram os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
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Entre as autoridades que discursaram no evento de assinatura da privatização do trecho da BR-381, o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), foi o primeiro a não poupar a ausência do governador. Ele saudou o prefeito em exercício de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), que acompanhou a cerimônia da plateia. Na sequência, lamentou a falta de Zema no evento.
“Digo isso, prefeito, porque eu fui governador (de Alagoas) e gostaria muito de receber esses investimentos. E mais, eu vi o governo de Minas muitas vezes cobrando investimentos no governo passado e nesse agora, mas não o vejo nesse momento. Parece que a cobrança é mais política e menos pela obra. Isso apequena o gestor público. O gestor público pode ser agente político ou não, pode ter caráter mais técnico; pode ser operário ou empresário. Ele só não pode priorizar a política contra o interesse do cidadão e é isso que o Governo de Minas faz ao não estar presente quando se dá uma solução ampla, geral e irrestrita ao problema da Rodovia da Morte”, afirmou durante discurso.
Lula foi o último a discursar no evento e voltou a trazer Zema para a pauta do dia. Em referência ao troféu recebido pelo Movimento Pró-Vidas BR-381, que milita pela duplicação da estrada, o presidente afirmou que deveria ser pessoalmente agraciado pelo governador mineiro pelo trabalho feito pelo Planalto no Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag).
“Esse acordo das dívidas de Minas Gerais, dos estados como um todo, o governador de Minas Gerais deveria vir aqui me trazer um prêmio. Me trazer um troféu do primeiro presidente da República que ele tem conhecimento que nunca vetou absolutamente nada de nenhum governador, de nenhum prefeito, por ser contra ou por ser oposição. Porque o que nós fizemos para os estados que não pagavam a dívida, talvez só Jesus Cristo fizesse se ele concorresse à Presidência da República deste país”, afirmou o petista.
Na ocasião, Zema e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP) discutiram por meio de declarações em entrevistas e de seus perfis no X (antigo Twitter) a respeito do impacto dos vetos de Lula ao Propag. Foi também na internet que o governador mineiro rebateu as críticas sofridas durante o evento de privatização da BR-381.
"O PT prometeu essa mesma obra nos 188 meses de governo, mas não entregou. Por isso, quando for colocar máquina na pista, fiscalizar ou inaugurar trechos da obra na BR-381, eu estarei à disposição. Meu foco é trabalhar, não perder tempo com eventos burocráticos", afirmou o governador mineiro.
O evento com máquinas na pista acontecerá em Ipatinga, no Vale do Aço, em 6 de fevereiro, conforme antecipado pelo Estado de Minas. A largada para as intervenções iniciais na estrada deve ter, por ora, a presença de Renan Filho e do diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Guilherme Theo Sampaio.