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Auxílio Brasil: filas crescem, mas governo garante incluir todos até dezembro
Itália
Publicado em 14/11/2021

 

Auxílio Brasil: filas crescem, mas governo garante incluir todos até dezembro

 

As filas de candidatos ao pagamento do Auxílio Brasil se multiplicam pelo país. São milhares de pessoas com dúvidas se farão jus ao programa substituto do Bolsa Família, são órfãos do auxílio emergencial, são mães chefes de família que sem emprego e sem renda correm contra o tempo para garantir algum sustento para seus filhos. Muitos dormem nas calçadas e voltam dia após dia atrás de explicações sobre o novo benefício, que começará a ser pago na próxima semana. Nem todos, porém, conseguem atendimento imediato. No município do Rio, por exemplo, o agendamento já é feito para janeiro do ano que vem.

O Ministério da Cidadania tem informado que não é preciso atualizar o Cadastro Único (CadÚnico), porta de entrada de programas sociais do governo federal, a fim de diminuir as filas nos postos. O governo federal garante que todos os habilitados ao programa serão contemplados. Agora em novembro, segundo a pasta, serão beneficiadas 14,6 milhões de pessoas inscritas no extinto Bolsa Família. Em dezembro, esse número vai chegar a 17 milhões.

"Cheguei aqui (no CRAS de Paciência) na quarta-feira, às 9h da noite, dormi no chão duro e consegui ser atendida hoje (quinta-feira), às 10h", conta a gestante Paola Fernanda Barbosa, de 27 anos, moradora da Favela do Aço, em Paciência, na Zona Oeste do Rio.

A jovem é mais uma das milhares de pessoas que têm buscado os Centros de Referência e Assistência Social (CRAS) da Prefeitura do Rio para tirar dúvidas e manter o cadastro atualizado a fim de receber o novo Auxílio Brasil. O temor de Paola é o mesmo de milhares que se aglomeram nos postos: será que vou receber o novo benefício?

Paola, que dormiu na porta do CRAS Professora Helenice Nunes Jacintho, reclama do descaso com a população que fica à míngua, nas calçadas, à espera de atendimento. Ela conta que recebe R$ 130 do extinto Bolsa Família e que, por ter mudado de endereço, ficou com medo de que informações desatualizadas no Cadastro Único (CadÚnico) pudessem impedir o recebimento do Auxílio Brasil.

"Estive no CRAS mais cedo e não consegui atendimento, mesmo dizendo que estou grávida. Os funcionários só dão 13 senhas de manhã e 13 senhas à tarde, não importando a quantidade de pessoas na fila", reclama.

Tamires Rosa, de 19 anos, moradora da Favela do Aço, em Paciência, conta que chegou às 19h de quarta-feira ao CRAS Professora Helenice Nunes Jacintho por preocupação com a distribuição de senhas. Ela foi a primeira da fila nesta quinta-feira.

"Me falaram que estava muito cheio, e que a fila estava virando a esquina. Como só estavam atendendo 13 pessoas de manhã e 13 à tarde, fui um dia antes para garantir atendimento", conta Tamires, que é mãe solo de uma menina de 6 anos.

A distribuição de senhas também foi o motivo que levou Nilda Rosa da Conceição Silva, de 39 anos, também de Paciência, a madrugar na fila:

"Foi a terceira vez que vim aqui só nesta semana. Na segunda-feira, cheguei às 5h. Quando deu 8h, distribuíram 25 senhas, porque à tarde não teria atendimento. Não consegui pegar o número", lamenta Nilda, que recebeu R$ 375 do Bolsa Família.

Na terça-feira, Nilda retornou ao CRAS Professora Helenice Nunes Jacintho e, mesmo chegando às 4h, já encontrou mais de 25 pessoas na fila. Ela desistiu e voltou para casa desanimada.

"Meu marido trabalha com pintura e gesso, mas está desempregado. Por causa da pandemia e da falta de dinheiro, as pessoas não estão mais fazendo esses serviços, evitam ter gente dentro de casa. Os R$ 219 do Bolsa Família e os pequenos bicos que fazemos têm ajudado a comprar comida. Mesmo assim, falta muita coisa na despensa", conta Nilda, mãe de uma menina de 3 anos e de um adolescente de 16.

Nilda conta que o marido e o filho chegaram à porta do CRAS na quarta-feira por volta das 21h e guardaram um lugar na fila, que já era grande, mas não chegava a 25 pessoas. Ela foi para o posto por volta da meia-noite.

"Consegui atualizar meu CadÚnico. Minha filha agora é maior de idade, e fiquei com medo de isso interferir no recebimento do novo auxílio", explica Nilda, que tinha expectativa de receber os R$ 400 do Auxílio Brasil já na próxima semana.

 
 
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